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quinta-feira, 28 de julho de 2011

Íntimas

     Ela conhece cada pensamento meu, como nunca ninguém vai saber. Ela sabe todos os sentimentos que eu já senti, aqueles que eu nunca nem consegui dizer em voz alta. Ela já ouviu cada sussurro, cada choro. Viu todas as lágrimas e todos os sorrisos.
     Ninguém nunca vai saber, como ela sabe, as palhaçadas que eu faço na frente do espelho. Ninguém nunca vai saber os discursos que eu ensaio no chuveiro. Ninguém nunca vai me ouvir cantando baixinho enquanto eu cozinho, nem berrando as minhas músicas favoritas quando eu to desesperada.
     Ninguém nunca vai saber todos os meus sonhos, mesmo os que eu não lembro. Ninguém nunca vai me entender tão bem quanto ela.
     Pois ninguém é tão íntimo assim de mim. E a única pessoa que pode se dar esse mérito, é a imagem que me acompanha em cada espelho.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Geração Pessimista

    Está em todo o lugar. Músicas, filmes, livros, novelas, desenhos, séries, e em todas as redes sociais.
    Ganhou o mundo, foi aderido, adorado. Todos usam, todos promovem, todos curtem, todos estão pensando nisso, mesmo sem querer.
    Não me pergunte como ou quando começou, eu realmente não sei. Também não sei como não percebi antes, mas está aí, firme e forte, em todos os "Tumblr's da vida".
    As pessoas tratam o sofrimento e a dor como se fossem normais, como se tivesse se tornado algo do dia-a-dia. As pessoas felizes são chamadas de retardadas e as otimistas de ingênuas.
    Pessimista virou sinônimo de realista, como se tudo o que nós fazemos fosse ter 85% de dar errado. Como se a famosa "Lei de Murphy" regesse nossas vidas de um modo quase divino. Normal é sofrer por amor, dar risada da dor do outro, não acreditar em si.
    Normal é achar que qualquer sinal de problema é um obstáculo intranspassável e desistir antes mesmo de pensar em lutar. Normal é não ter um propósito que nos leve à luta. 
     Vejo pessoas se esquecendo, se mudando. Vejo pessoas se vendando, se vendendo em nome de jogos que não existem, em nome de sonhos que elas julgam perdidos.
     Vejo pessoas se afundando em amarguras adocicadas, se afogando em copos d'água.
     Vejo pessoas se perdendo em delírios e vertigens a troco de nada. Vejo uma geração feliz por ser infeliz. Conformada com o próprio conformismo. Que dá valor àquele que dá o nome de "sofrimento" para aquilo que ele tem de mais mesquinho dentro de si, esperando que as pessoas gostem e curtem, e as pessoas assim fazem. Salvo pequenas exceções.
    A luz não está na generalização de nossos sentimentos e nem no compartilhamento daquilo que chamamos de "nossas dores". 
    Não é normal não dar valor às simples coisas que deveriam nos fazer felizes, como o cheiro de manteiga derretida pela manhã, um abraço, nuvens fofas no céu, sorrisos sinceros, palavras simples como "obrigada" e "amigo".
    Não digo para que sequem as lágrimas nem que nunca mais as usem. Mas para que as guardem para quando ela realmente forem precisas. E esses momentos virão. É certo que virão. Mas saiba que, por mais das lágrimas, você será forte para superar o que quer que seja. Basta manter a cabeça erguida, um olho dentro de si, observando o que acontece; e outro no horizonte, mirando e almejando um futuro sempre melhor.
    Vamos tornar nossa geração mais feliz, mais otimista, com menos razão para chorar ou se perder. Há muito no que se acreditar, como a felicidade.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Em Shakespeare

    Em um instante, tudo vem à tona, nada se nega. Se foi ilusão, sonho ou realidade, nem o tempo dirá. Dito é que não houve tempo ou espaço, apenas dois corações batendo, e duas almas perdidas que em um reencontro se fogem. E assim se dão os fatos.
    Meus olhos- seu sorriso.
    Seu sorriso- minha ausência.
    Minha ausência- Seu silêncio.
    Seu silêncio- Meu silêncio.
    Nosso silêncio- Nossa história.
    Nossa história- Confusão.
    E nela me entrego e me esvaio, "como fogo e pólvora Que num beijo se consomem".