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segunda-feira, 22 de abril de 2013

Polissemia

Sufoco tudo o que penso.
Transformo tudo o que sou.
Transbordo naquilo que tenho.

Sufoco tudo o que tenho.
Transformo que penso.
Transbordo aquilo que sou.

Sufoco tudo o que sou.
Transformo tudo o que tenho.
Transbordo tudo o que penso.

E então, sinto.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Pinga

Chove.
Só chove, se é aqui dentro ou lá fora, pouco importa.
Pois só chove.
Não é tempestade, e nem garoa.
Não tem nada de poesia, é só a chuva.
Nada de prata,
nada de puro,
nada de nada.
Só chove.
Pinga, escorre e encharca.
Pesa.
E passa.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Eco

O CD pulava no rádio, fazendo o cantor engasgar nas mesmas sílabas, a música parada naquele instante onde a melodia se perde e a repetição torna-se irritante.
E eu não sabia porque não desligava o rádio. Na verdade, não sabia porque tinha o ligado, de princípio; tão mais fácil ouvir outras mídias.
A verdade é que só parte de mim notou a repetição desnecessária, a outra concentrava-se em outras repetições, mais irritantes e recorrentes.
Queria mesmo era salvar o mundo.
Salvá-lo de quem?, você pergunta. Não sei bem. Não sei nem se ele quer ser salvo, mas é a vontade que dá. Bem essa vontade,: de sair e mudar o mundo, salvar todo mundo. Da fome e da miséria, da guerra, da tristeza, da dor, da solidão.
Tão só, esse pensamento. Não tem eco, como a voz do homem no rádio. Pula na mesma nota, sem passar adiante.
Fazer o que, levantei e desliguei o rádio.