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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Contraponto

Dando continuidade às discussões sobre a Usina de Belo Monte, em resposta ao vídeo postado do Movimento Gota D'água, alunos de Engenharia Civil e Economia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) postaram esse outro vídeo, como resposta.
Eu reconheci os erros e os exageros do outro vídeo, e também como antes tinha comentado, todas as apelações, mas não mudei de ideia. Por mais que eles tentem explicar que serão gastos "apenas" 19 bilhões de Reais, que a área alagada não é de floresta virgem, que a hidrelétrica é fonte de energia limpa e reutilizável e que houve um equívoco da localização dos índios, não me dou como vencida.
A Belo Monte é a primeira de um projeto para 87 usinas na Amazônia, e não é uma fonte de energia limpa. Por mais que o terreno alagado seja de áreas já desmatadas, uma hidrelétrica polui tanto quanto uma termoelétrica, já que o apodrecimento da matéria orgânica inundada libera para a atmosfera gás carbônico e gás metano, que são nocivos para o meio ambiente e contribuem para aumentar o efeito estufa.
Mesmo que o Brasil esteja preparado para arcar com uma despesa dessa, no meu ver temos outras prioridades para o investimento desse dinheiro.
Mais do que isso, não vejo o problema dos indígenas como resolvido. Mesmo que se concretizem os projetos de integração social, mesmo que se invista em casa para eles, nunca será a mesma coisa. Já parou pra pensar no número de terras que já foi tomada deles? Não deles indígenas que vivem no Brasil hoje. Deles indígenas que vivem aqui há sabe-se lá quanto tempo. Mesmo que a terra não seja deles, mesmo que não seja lá onde eles vivem, mesmo que eles não tivessem que sair de lugar nenhum. É da terra que a gente está falando. Terra que para eles é sagrada. Terra que abriga animais, que nos abriga, que nos dá o que comer, beber e vestir. É justo tirar isso deles?
Assim como muita pouca coisa é justa. Não estou desmerecendo os outros problemas em bater nessa tecla, mas como não posso cuidar e pensar e colaborar com todos, me agarro nesse fiapo que virou a discussão.
Mesmo que esses estudantes esclareçam todas as questões que o outro vídeo deturpou ou deixou às escuras, não me parece uma causa nobre. No futuro, não são desses projetos e atos da nação brasileira que eu terei orgulho ao contar para quem vier depois de mim.

sábado, 26 de novembro de 2011

Bodas de Papel

Dia primeiro de outubro completou um ano da minha primeira publicação no blog e eu acabei nem me dando conta, mas gostaria de agradecer a todos os visitantes, a todos os seguidores por esse ano. 
Mentes Pensantes, é muito gostoso vir aqui, desabafar o que penso e o que sinto, poder colocar aquilo que colore ou atormenta minha alma, e encontrar em vocês reflexo, apoio e cumplicidade. 
Obrigada por visitarem o blog, obrigada por lerem, obrigada pelas críticas e pelos elogios.
Um ano, e que venham outros, e que venham muitos!

Estatísticas

Sempre achei os números de uma frieza infindável. Não acho neles o conforto e o acolhimento que encontro nas letras. Estão ali só pelo fato de estarem, para transmitir quantidades, unidades. Números não tem caráter nenhum, não guardam nenhum sentimento escondido, não tem poesia alguma.
E o que incomoda é isso. Porque, em alguns aspectos, não passamos disso: números. Não importa nosso nome, nossa história, nossos sentimentos e pensamentos. O que importa é que estamos inseridos em números, nada mais.
Para algumas pessoas, não passamos de números de seguidores ou números na agenda de telefone; para os políticos, não passamos de números e estatísticas eleitorais; para a Receita Federal, somos alguns números que ao menor sinal de equívoco acarreta em alguns punhados de zeros; para os jornais, um massacre não passa de números.
Em um mundo onde a crosta de indignação já se cicatrizou; onde nada mais assusta ou surpreende; um mundo onde a frieza tem se tornado cada dia mais palpável, mais sensível, não é de se surpreender que tenhamos nos reduzido a nada mais do que simples estatísticas. 

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Palhaças

Eu deixo a luz da garagem acesa e você acha ruim.
Não recolho a roupa do varal e escuto uma noite inteira.
Se ando descalça então, pira.
Mas eu sei que não é pura implicância.
Se tenho um pesadelo, posso dormir na sua cama.
Se acordo com dor de cabeça, posso faltar ao colégio.
E se acordo com cólica?! Bem feito, quem mandou pegar friagem?
Compartilhamos algumas paixões, e também algumas manias.
Por que que a gente tem tanto cachorro?!
Assistir jogo de futebol, programa de culinária. Filme no cinema não, né? Porque você insiste em dormir.
As pessoas me elogiam por ser inteligente, dedicada, caprichosa. 
Eu só respondo: "obrigada, mas você não conhece a minha mãe".
As pessoas me perguntam se a gente conversa.
Claro que conversa, dos mais variados assuntos. E damos risada de todos eles.
Você elogia minha cuca de maçã, mas seu pão de alho é divino.
Seu arroz com feijão, então... Não tem igual.
Você me chama de palhaça, mas de quem são os genes?
Você me chama de teimosa. Sei, mas sou filha de quem mesmo?
Você me chama de linda, mas dizem que eu tenho os seus olhos...
Você costuma gostar de tudo aquilo que eu escrevo, fico pensando se vai gostar desse.
Sou sortuda de poder dizer que não brigamos, não discutimos. Bom, não mais.
E se vocês querem saber, sou sortuda mesmo. Porque já fiz pique-nique com comida chinesa em cima da cama. Já participei de show de calouros no meio da cozinha. Já apostei corrida de cachorro no corredor. Já tripulei uma espaçonave de dentro do meu carro. Eu tenho uma mãe que é o máximo. Supera qualquer Brastemp e Coca-Cola. Minha mãe é uma figura. Minha mãe já foi super-heroína, cantora, dançarina, taxista, tudo usando nada mais que a nossa imaginação. E vai ser pra sempre a minha palhaça. 
Palhaça que eu amo, viu mãe? Amo mesmo. E liga não, as lágrimas no teclado secam depois. As suas e as minhas...

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Varekai

A vida muda sem nos avisar. Parece tomar caminhos que não escolhemos. Mas não é bem assim. Somos arquitetos do próprio destino. O segredo é encontrar o conforto em meio ao caos. A crise é um rito de passagem, com destino direto à felicidade, assim que ela chegar. A lua surge com nossos medos e o sol se põe sobre a nossa esperança. Enquanto houver luz, há a força e a sabedoria para enfrentar todos os desafios que nos forem apresentados.
Por mais contraditório que isso possa parecer, a única pessoa que precisamos combater, somos nós mesmos. Portanto, se quer um conselho, nunca conte seus segredos a si mesmo. Só você conhece suas fraquezas, e dependerá de você se vai alimentá-las ou erradicá-las. A única pessoa que pode te prejudicar irremediavelmente é você; você e suas atitudes. O silêncio vale ouro, não há nada que o compre, não há nada mais sábio, nem nada que machuque mais. Se palavras e atos machucam outra pessoa, o silêncio poderá fazer um estrago ainda pior. Saiba medir a quantidade certa, dosar bem, como todas as outras ferramentas que você possui.
Já que entrei nessa de conselhos, aí vai outro: Corra atrás do que você deseja, mas não se fruste demais com o que não conseguir. Com um pouco de sorte, você não encontrará o que procura. É isso que fará com que o gosto final seja muito mais saboroso. A busca é muito melhor do que o achado. A felicidade não está no destino final, e sim na jornada. É no caminho que você planta esperanças e colhe sorrisos. O que vier, depois, é fruto do esforço.
Não aceite essa realidade, não se conforme com pouco, tudo é possível quando você deixa sua mente te levar. A força pra conquistar você tem, a sabedoria para chegar lá também. Não deixe que digam que você não pode, não crie empecilhos. Não estou dizendo para que se iluda, que arquitete planos mirabolantes, mas que conquiste pouco a pouco o mundo, o seu mundo. A esperança se mostra eterna, pode até adormecer, mas não morre.
Há um mundo de forças e virtudes onde quer que você vá. Há um mundo de amores, esperança, amizades, sonhos, conquistas. Há um mundo onde tudo é possível, onde a paz não é utópica. Esse mundo mora dentro de nós, é só exteriorizarmos. Há um mundo de alegrias conosco, em qualquer lugar.

Seu papel de cidadão

Lembra da Usina Hidrelétrica Belo Monte, que eu escrevi no post "Ordem e Progresso?!" ? Bom, fica aqui um vídeos, com artistas "globais", que defendem a interrupção da obra e divulgam o site Gota D'Água, com uma petição que será apresentada ao Congresso Nacional. Se você quer fazer seu papel de cidadão, além de reclamar e apertar os botõezinhos lá na urna de anos em anos, assine. Não é justo conosco e com o nosso país deixar que essa usina, que trará tanto "progresso" ao nosso país, interfira dessa maneira na vida de tanta gente. Gente que luta pelo pedaço de terra que não é deles, é nosso. Não é pela casa deles, é pelo nosso ar, nossas águas, nossas matas. Nós, brasileiros, não enchemos a boca para dizer que a Amazônia é o pulmão do mundo?! Que precisamos resgatá-la e cuidar dela? É nossa hora de agir, então. Assista o vídeo, acesse o site. Não pelos atores, não pelo apelo da mídia, mas pela sua consciência de cidadão brasileiro.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Plantação de sonhos

Não é todos os dias que abro a janela do meu quarto. E toda vez que abro, não é a mesma vista. Sempre uma nova manhã, com novos cheiros, novas cores e novos presságios. Não abro a janela só para arejar o quarto e iluminá-lo. Abro a janela para arejar os pensamentos e iluminar todos os meus medos.
Pois quando abro a janela do meu quarto, abro o meu coração também. Fito o horizonte e fico ali pensando, imaginando uma porção de caminhos, traçando centenas de futuros alternativos, achando algumas respostas e fazendo milhões de perguntas.
É ali, no meu quarto, em repetidas manhãs, que despejo minhas preocupações, minhas ilusões, minhas vontades. É ali que entrego meus segredos, que decifro e semeio tudo aquilo que sou, que amo, que desejo.
Não me surpreende, portanto, que ali, à janela do meu quarto, tenha nascido uma plantação de sonhos. 


quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Cicatrizes

São engraçadas, as cicatrizes. Elas ficam ali, estampadas, nos fazendo de retalhos, memória do que já passou, marcas de batalhas em que saímos vitoriosos, ou perdedores.
Cicatriz arde, coça. Se faz visível assim, do nada. Mas é pra se fazer presente, pra gente não esquecer.
E mais ainda que as externas, são as cicatrizes internas que mais ardem. Conseguem se fazer visíveis, com qualquer coisa. E ardem, coçam, incomodam. E também alegram.
E hoje não poderia ter sido diferente. As cicatrizes coçaram e eu, masoquista, me vesti de lembranças pra ver se  aquela coceirinha ficava ali, martelando, lembrança palpável do que foi.
Mas foi tudo muito rápido, passou logo. Talvez porque ela já tenha entrado em dormência. Talvez porque nem era pra arder tanto assim.
A verdade é que eu achava que ela poderia se abrir de novo, rasgar. Mas quer saber?! Nada melhor do que o tempo como linha de sutura.