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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Espectros

O que me encanta mais nisso tudo são as cores, as luzes, o movimento. É como embarcar em uma viagem de carro noturna. A estrada voando sob seus pés, o vento batendo no rosto, e as luzes das cidades passando de uma maneira tão vertiginosa, que mais parece um carrossel de cores e borrões que se misturam à escuridão, mandando a noite embora.
Disso tudo quero dizer da luz. Não conheço quem não tenha, nem por um momento, temido o escuro. É nele que os medos se escondem, nele é mais fácil se perder, é nele que espreitam temores indescritíveis e monstros tramando vinganças.
Não na presença da luz. Ela ajuda a se espantar os monstros, apaziguar as angústias, e mesmo que gere sombras, faz com que tudo se resolva.
Desejo, portando, somente luz. Que ela carregue, consigo, o amor, a paz e a esperança, também. Mas principalmente luz, não só no ano que entra, mas todos os dias, para que ela seja a força e o instrumento que você precisa para lutar contra seus medos e monstros. 

domingo, 25 de dezembro de 2011

Mais um conto de Natal

O pequeno Chris não conseguia dormir. Seus pais já roncavam nas esteiras ao lado e o viaduto estava mais silencioso do que o costume, e ele sabia que era por pouco tempo.
Chris pegou sua esteira e a levou até onde conseguisse ver o céu. Mesmo que espessas nuvens o escondesse, sabia que estava crivado de estrelas.
De repente, um lindo e solitário fogo de artifício iluminou a noite, e Chris sabia que naquele momento, dentro das casas, pessoas brindavam, se abraçavam, se submetiam ao ridículo, trocavam presentes e se deleitavam com comidas maravilhosas.
Naquele momento, Chris sabia que era seu aniversário, e ninguém lembrava.
Ainda olhando o céu, poderia jurar ter visto uma estrela cadente. Assim mesmo, fez seu pedido,  sabendo que ninguém se importava.
Deitado em sua esteira, ele parou um instante antes de adormecer e sorriu. Não... Ele se importava.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Faxina

Eu decidi ir embora. Metaforicamente, claro. Decidi fechar algumas portas, cortar algumas amarras. Decidi que, de vez em quando preciso agir como se cuidasse de um grande guarda-roupa.
Eu posso guardar o que eu quiser ali dentro. Posso fazer a bagunça que eu quiser, afinal, ele é meu. Mas depois de um tempo cultivando tanta bagunça, algumas coisas começam a desaparecer. Ou embolorar. Ou estragar. A melhor solução, então, é fazer uma grande limpeza.
Jogar fora o que já não serve, mesmo que seja difícil. Afinal, há sempre aquela peça que não nos serve há anos mas que possui tantas lembranças. 
Talvez guardar somente lembranças não seja tão saudável. Talvez nós precisemos jogar fora algumas coisas, para que haja espaço para outras.
Usando essa metáfora não quero dizer que as pessoas e as relações são como peças de roupas que podemos usar até ficarem desgastadas. Mas quero ressaltar que as relações são, principalmente, fundadas em interesses. Quando os interesses se vão, quando não há nenhum motivo que nos traga mais felicidade, talvez seja a hora de dizer adeus e continuar por um outro caminho.
Talvez hoje eu esteja escrevendo para diminuir o peso que é dizer adeus à boas memórias. Mas é preciso, é sempre preciso.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Sorria

Sempre leio por aí algumas coisas que me incomodam profundamente. Vão desde notícias que me chocam até esses novos "dizeres populares" que andam ganhando fama em algumas redes sociais.
Hoje eu vi algo assim: "Felicidade, quando você quiser voltar pra mim, a porta estará aberta".
Caramba, tudo bem personificar sentimentos, fazemos isso o tempo todo. Mas deixa eu te contar uma coisa?! Felicidade não é pessoa. Ela não vai embora, e tão pouco volta pra nossa vida. Assim como o amor, a esperança, a tristeza, o ódio e todos os outros sentimentos.
Se você quer ser feliz, pare de ficar esperando de braços cruzados que a felicidade vá entrar pela sua porta. Só quem pode trazer felicidade pra sua vida é você. Claro, há um número enorme de fatores que contribuem pra que você possa se sentir feliz, mas não é esperando sem fazer nada que você vai conseguir.
Se está triste, saia, areje a cabeça, faça o que gosta, coma o que gosta, saia com os amigos. Assista um bom filme, escute uma boa música, leia um bom livro. Mas por favor, não fique sentado na frente de um computador se lamentando. Por favor, não contribua mais pra essa vida social cibernética em que todos nós temos que sofrer por alguém, em que todos nós temos que estar desesperados e angustiados por alguma coisa.
Por você, por mim, por todos nós que vivemos, sorria, aja, seja feliz!

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Um pedido

Desculpe aos leitores por esse post, mas ele não é genérico. Desculpe usar o blog para escrever isso, mas eu preciso disso registrado. Se não quiser ler até o final, não leia; mas se eu te mandei o link por favor, tente entender o que escrevo.
Eu descobri que gosto.
Gosto do que você pensa, gosto do seu jeito, mesmo que antes pensasse que ele me irritava. E por isso peço desculpas.
Descobri que gosto de conversar com você, dar risada de você (novamente perdão) e com você. 
Eu descobri que por mais que haja picuinhas e fofocas, eu não ligo.
Porque em ti eu reconheço uma amiga. Não uma amiga que falaria sempre aquilo que é certo e que me agrada, não uma amiga que passe a mão na minha cabeça, não uma amiga que me encha de abraços a cada segundo.
Mas uma amiga que me dá conselhos de verdade, que me puxa pra realidade, que reconhece, mesmo distante, quando eu realmente preciso de um abraço.
São esses amigos que valem à pena de verdade. Me desculpa por não ter reconhecido isso antes.
É por isso que eu escrevo, pra você, Giovana. Porque eu sei que não somos próximas. Eu sei que nós tivemos, e temos, nossas desavenças. Mas eu me orgulho de te reconhecer como amiga. Obrigada por me oferecer um abraço quando eu precisei. Obrigada por me dizer algo sábio e por me dar espaço.
Me desculpe se algum dia não te retribui tudo aquilo que depositou em mim. Me desculpe se algum dia eu deixei que as desconfianças e as maledicências de outras pessoas entrassem no nosso caminho. Só queria que você soubesse o quanto eu te admiro, e o quanto eu desejo, de alma e coração, que você realize tudo o que você sonha. 
Eu só tenho um pedido, não mude. Não mude porque as pessoas te pedem, não mude porque as pessoas te criticam. Seu jeito é único, seus pensamentos, seus sentimentos. Você é especial. Para mim, especialmente.
Para uma estranha amiga, de uma amiga estranha.

Conselho de vovó

Eu achava que conhecia as pessoas. Pelo menos aquelas que estavam perto de mim. E fui percebendo, um dia após o outro, que não as conheço. Nem à elas, nem à mim. 
Perdi a conta das apunhaladas pelas costas. Perdi a conta dos risos de deboche, dos cochichos, das fofocas. Perdi a conta das lágrimas que derramei ao ler palavras que achava lindas, coloridas, e hoje não passam de vazios no papel. Perdi a conta dos pseudo-amigos que já passaram por mim.
Mas aqueles que ficaram, aqueles que me ajudaram a levantar, que secaram minhas lágrimas, aqueles que estão comigo, abertamente, esses eu consigo contar. Claramente.
E hoje não choro mais. Hoje eu não sinto mais raiva, nem mágoa. Pra falar a verdade, nem dó ou nojo eu sinto mais. São pessoas que me fizeram bem, que me fizeram feliz, e acharam outro jeito de serem felizes sem mim. 
Para ambos, só tenho um conselho: Não suba a escada para o sucesso pisando em outros. Fazer isso te dá o direito de também ser pisado. Então guarde para si os comentários maldosos, os olhares de chacota, os narizes torcidos. 
Já é difícil viver, conviver e sobreviver hoje. Não precisamos de cada vez mais pessoas fazendo de tudo para derrubar o outro, machucar o outro, magoar o outro. Não peço para que goste de tudo e de todos, mas que saiba lidar até com aquele que você não gosta.
Sabe aquele velho conselho de avó? Não faça para o outro o que não gostaria que fizessem para você? Deveríamos pensar mais nisso.