O Rei, certa vez, cantou: "Se eu posso sonhar com um sol mais brilhante, e que a esperança continua brilhando para todo mundo, me diga, por que o sol não vai aparecer?".
Então me diga! Me diga quem é que teve a audácia de nos livrar do Sol? Da luz? Do calor?
Quem ousou deter para si, e só para si, o vital?
Quem nos fez de ratos, vivendo na sombra, vivendo de migalhas? Migalhas de ideologias, de respeito, de luz, de risadas, de esperanças?
Quem ousou fantasiar-se de gato e, cinicamente, nos mandar escolher entre sua bocarra e a ratoeira? Ame-o ou deixe-o?
São só essas as nossas opções, ou há mais que podemos fazer?
O Rei ainda canta: "E enquanto eu puder pensar, enquanto eu puder falar, ficar em pé, andar! Enquanto eu puder sonhar, então deixem meu sonho se realizar!". Nós temos o direito de sonhar e mais que tudo podemos realizar! Não há só a bocarra do gato, que nos oprime, ou a ratoeira, cujo queijo nos satisfaz enquanto o chicote estrala em nossas costas. Há mais que isso esperando por nós, se assim o quisermos e conquistarmos. Há lá fora a luz do sol, que brilha para todos.
E Herói foi, é, e será aquele que escolher para si o calor do sol a acariciar, e não as garras do gato a arranhar.
Herói é aquele que vê o túnel sombrio para o lado de fora, onde é tudo mais claro, onde tudo é mais quente.
Heróis podemos ser, basta realizar.
Ao Rei.
Ao Kafka.
Ao Herói.