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quarta-feira, 21 de março de 2012

Licenciatura

Lá de cima,
no pedestal sagrado,
dos olhos emana a sabedoria, dos lábios escorre o conhecimento.


Daqui de baixo,
absorvo cada gota nova e reciclada, 
olhos vidrados, hipnotizados pelo saber.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Maria e João

Se me olha nos olhos, bem-me-quer.
Se passa por mim, mal-me-quer.
Se ri o meu sorriso, bem-me-quer;
Se ignora, mal-me-quer.
Se lembra de mim, bem-me-quer;
Se mostra-se desinteressado, mal-me-quer.
Se Maria tivesse guiado João no meio da floresta, usaria flores, e não pão.
Enquanto as pétalas luzem e enfeitam o chão, como as estrelas no céu.

sábado, 17 de março de 2012

Nostalgia infante

Acho que a maioria das pessoas acreditam que, como tudo, a infância tem começo, meio e fim. Deixo claro que, para mim, não é bem assim.
A infância começa em um ponto indeterminado e termina da mesma forma nebulosa. Algumas vezes, nem começa, em outras também não termina.
Infância pra mim vai e volta, como uma borboleta. [De novo, uma borboleta]
Em dias de muito calor, quando as flores da nossa mente estão abertas e vistosas, é possível que a borboleta da infância volte e pouse em cima delas, descansando as asas.
Mas em dias de inverno, quando as flores murcham e ficam apenas os espinhos de preocupações e malícias, a borboleta procura outros campos, onde suas asas não serão feridas pelos espinhos.
Borboleta gosta é mesmo do que é colorido, do que chama a atenção, do que marca sua história. Ir à aniversário de criança e comer muita pipoca e algodão doce.Ver um palhaço no meio da rua, correr atrás dos cachorros e dos pombos nas pracinhas. Brincar de balanço, gangorra, amarelinha, pião. Jogar bola no campinho. Bolinha de gude, bicicleta! Lembra-se da primeira volta com a bicicleta?
A infância de cada um, é diferente, mas a essência é única.
É algo gostoso de se ter e de se lembrar, que tem cheirinho de grama molhada, caderno novo; Gostinho de cachorro quente e sorvete de morango; Trilha sonora de desenho animado ou de cantiga de vovó. Tem ralado no joelho, sim, mas tem beijinho de mamãe e risada de amigo.
E aposto que agora mesmo você está aí, lembrando de alguma coisa engraçada e ouvindo os ecos das próprias gargalhadas. Ande, sorria agora também, nunca é tarde pra lembrar e reviver.
Aproveite. Ficarei aqui quietinha, deixando você se deleitar de tão sublime lembrança.

quinta-feira, 8 de março de 2012

(R)evolução

Eu realmente gostaria de entender em qual momento as mulheres passaram de deusas para sexo frágil. Gostaria de entender o porquê de tanto preconceito, de tanta birra, de tanta indiferença e diferença entre homens e mulheres.
Homens e mulheres são iguais. Simplesmente. Não há mais inteligente e menos inteligente. Mais capaz ou menos capaz. Ambos são humanos. Ambos têm falhas. Ambos tem condições para sonhar, querer, desejar, agir, pensar, amar, viver.
E hoje, no Dia Internacional da Mulher, dia de aniversário de uma barbaridade contra mulheres, no mínimo, corajosas, é que gostaria de fazer uma denúncia contra nós, mulheres.
Foi contra a opressão e a desigualdade que lutamos para conquistar nossos direitos de votos, de viver, de pensar, de agir como qualquer outro [homem]. Foi para conquistar novas fronteiras e derrubar outras. Foi por isso que passamos a vestir calças. Foi por isso que protestamos dias e noites. Foi por isso que queimamos nossos sutiãs.
Não é por esse motivo que tiramos a roupa em qualquer anúncio, qualquer programa de televisão. Pois se a mulher se despe de roupas, se despe de seus conceitos, de suas vitórias e das vitórias de tantas outras mulheres que fizeram por merecer o que conquistamos até hoje. Cuidado, mulheres. Atenção, mulheres. Mulheres, meninas, moças, senhoras. Não é porque admiram suas curvas, que admiram seus pensamentos e seus sonhos. Não é porque dançamos e cantamos e vulgarizamos nossas curvas que alguém se importe com o que ainda sonhamos. Mais igualdade, mais respeito.
Queimar nossos sutiãs foi um símbolo de liberdade. Nos despirmos, hoje, de roupas e pudor, é regressão.