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sexta-feira, 29 de junho de 2012

Nostalgia

E então é como um sonho. Não há um começo, nem uma história. Apenas nós dois sentados na mangueira, como quando éramos crianças. Nós dois, com as mangas no colo, as camisetas manchadas e as calças rasgadas. Além de nós, só a imensidão do sítio. Nada da casa, do galinheiro, do lago ou da imensidão de grama e céu. Só nós.
Ora, como assim, quem nós? Nós- dã e eu.
E se naqueles galhos pudéssemos, dançávamos. Brincávamos. Abraçávamos. Fundíamos. Naqueles galhos havia só nós. Nós e as mangas.
E sorríamos farrapos, e eu pinto os farrapos dos sorrisos.
Das nossas bocas escorria amizade, doce, gostosa,preciosa. E agora, ao pintar nosso quadro, transborda saudade de meus olhos, e não sei mais pintar.
Olha, há um borrão na pintura. Não há mais nosso olhar, nosso olhar cúmplice. Não há mais brilho no seu olhar de esmeralda e como hei de reparar isso? Onde foi parar todo o brilho, toda a amizade gotejante, todos os galhos?
Só há mesmo a imensidão. De grama e céu azul.
Um tamanho pecado, um céu tão azul, e tamanho azul em meu peito. E a mangueira lá, sozinha, sem nós. Não sei mais dizer se ela ainda espera por nós. Se também sente falta das nossas risadas, das nossas conversas e de todas as estripulias em seus braços. Em seus galhos.
A mangueira está sozinha. Sente saudade, mas não sabe dizer. Saudade de nós.
E como se atreve, de novo tamanho disparate! Nós quem?!
Dã e eu.

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