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sexta-feira, 20 de julho de 2012

Desabafo

Você senta no escuro e tudo o que consegue sentir é um frio, um frio tão intenso que lhe faz tremer o corpo e ranger os dentes. O que é quente explode em um rompante de lágrimas que lhe queimam o rosto e te embaçam a visão, e tudo o que você sente é o Nada.
O Nada que te preenche a alma, o Nada que pulsa a cada batida de coração, o Nada que ocupa todos os seus pensamentos, sem lógica nem sentimento nenhum.
E mesmo assim, mesmo com tanto frio, com o frio nos ossos e o ranger de dentes, mesmo com o medo, mesmo com a consciência do Nada e da vastidão do Vazio, você sente.
Você sente cada célula, você grita silêncios incansáveis, corre em círculos em uma escuridão tão desesperadora, em um caminho tão longo, sem início nem fim, sem luz e sem trevas, sem eira nem beira. E mesmo assim, você torna a sentar. Ou talvez nunca tenha levantado mesmo. 
Ou talvez não esteja mesmo ali. Talvez esteja em algum lugar, em qualquer lugar. Mas não está em nenhum lugar. Talvez até não tenha sentido nada disso, é mais simples encarar tudo e dizer: estou com saudades, e falta uma parte de você em mim.

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