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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

"Ó capitão, meu capitão"


Daqui é tudo diferente.  Tudo parece mais claro, menos confuso, parece tudo se encaixar com precisão, uma precisão surrealista, mas mesmo assim... Daqui, do alto da Torre do Banespa, São Paulo parece ser mais lógica, mais viva; o mesmo caos, mas numa proporção mais bonita, reveladora.
“Esse prédio foi por muitos anos o maior edifício da cidade”. E mesmo assim, olha como os outros arranha-céus insinuam-se às nuvens!
“E aquele ali, logo na frente”, disse o monitor, “foi o maior nos anos anteriores”.
E mesmo os prédios se superam, se completam também em busca das estrelas.
 As outras crianças não parecem perceber: só se empurram e gritam atrás de mim, mas de uma forma improvável essa construção tão humana completa esse céu, tão divino. Um quebra-cabeça de cores, movimentos e formas tão suaves, de uma expressão tão forte que enchem os olhos da gente. De orgulho? Ou de pura emoção de ter algo assim, tão bonito, para ver e sentir?
E lá em baixo os pontinhos, que bem poderiam ser formigas, transitam enchendo a cidade de vida. Saturando a cidade com seus sonhos, suas certezas, seus medos, suas resoluções, suas lágrimas, seus sorrisos, seus amores e suas flores. Cada qual com sua vida, cada qual com seu olhar de olhar, orando às suas estrelas, entregando-se aos seus prazeres e obrigações. Cada qual lá em baixo olha o mundo diferente, apaixona-se e vive diferente.
Mas daqui, do alto da Torre do Banespa, tudo é diferente. A cidade é a mesma. A vida é a mesma.
Em uma perspectiva diferente.


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