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domingo, 6 de março de 2011

"São Paulo, São Paulo da Garoa"

Como todos sabem, eu tenho umas manias estranhas. Uma delas é ficar vendo coisas onde geralmente as pessoas não veem.      Da última vez que eu fui para São Paulo, obviamente estava chovendo. Eu estava ali perto do Bingo Imperatriz 23, vendo o movimento na Avenida 23 de Maio. E achei super interessante o fluxo de guarda-chuvas que passava por lá.     Parece uma coisa tão tosca, mas posso te afirmar que não é! O jeito que cada um segurava o guarda-chuva, a cor, o formato, tudo isso me contou muito sobre cada pessoa. Passou por mim uma senhora, de seus tantos anos carregados em sua face e em suas mãos, mas ela incansável, fazia seu caminho pela avenida encharcada carregando consigo a proteção de um guarda-chuva vermelho, que segurava com determinação, coragem. Depois dela passou um homem, insegurança no rosto, preocupação no olhar. Olhava para baixo, encarando o chão, mesmo assim sem evitar as poças que se ajuntavam na calçada.     E eu fiquei ali, vendo o festival de cores que pulavam na minha frente, em uma caótica valsa que pintava o cinza e triste final de tarde paulista. As cores se apressavam em um borrão, corriam por sinais verdes, atravessavam as faixas de pedestres e sumiam dentro dos edifícios.   O sol de fim de tarde surgiu, pálido, incerto, furtivo entre as nuvens de chuva e os chuviscos que ainda tinham a ousadia de cair. Acabou com a festa de muitas guarda-chuvas que, por hora, adormeceram pendurados nos braços de seus donos ou nos bancos dos carros.

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