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quarta-feira, 9 de março de 2011

Utopia

Igualdade. Utópico? Infelizmente, creio que sim. Nem sabemos mais o que significa. Não entendemos mais porque lutamos por isso. Muitos de nós já pararam de lutar. Alguns de nós continuam lutando, mas sem saber o por quê. E apenas poucos de nós lutam sabendo porque lutam, para que lutam, e o mais importante, continuam lutando incansavelmente.
Para e pense. Quantas vezes já excluímos aquele que julgávamos “diferente”? Cor, pensamento, corpo, ações, fala, cultura, sexo. Isso basta para determinar quem é diferente ou igual? Isso basta para gerar conflitos, confusões, aflição, morte? Muitos defendem que sim. E como evitar isso? Como podemos fazer com que enxerguem que somos iguais? Somos todos seres humanos, respiramos, comemos, crescemos. E não são só as atividades anatômicas que nos determinam como iguais. Todos nós sonhamos, desejamos, amamos. Alguns mais do que outros. Outros tentam negar, mas todos nós temos isso dentro de nós, ativo ou adormecido, todos nós temos um sentimento único, que é o sentimento de amor. Amor a si, amor pela família, e amor ao próximo.
Então por que julgar pela religião? Porque matar por diferentes pensamentos? Por que destratar o sexo?
 Já não cansou nossas vistas? Já não entristeceu nossos corações? Quanto sangue mais será derramado? Quantos gritos reprimidos serão novamente e novamente sufocados? E quantas vezes mais nós vamos fingir não ouvir, não ver.
E continuará acontecendo. E nós não vamos fazer nada. Absolutamente nada. Talvez mudar o canal do noticiário quando divulgarem o assustador número de mulheres que são mortas diariamente por crime domiciliar. Ou fazer cara de assustado, e logo depois rir da novela que passa depois. A verdade é que poucos de nós estarão verdadeiramente lutando por isso.

E muitos de nós, inclusive eu, encostará a cabeça no travesseiro de noite e dará graças por terem pessoas dispostas a verdadeiramente lutar por isso, e sonhará no dia em que terá coragem para fazer o mesmo.

Um comentário:

  1. Cara Ana é um prazer poder revisitar suas agúdas e pertinentes reflexões que sempre enriqueceram as aulas de filosofia. É fato que sempre somos tomados pelo pessimismo, de modo que passamos a julgar a utopia, como um não lugar, como aquilo que não pode ser concretizado no mundo real. Com efeito, o pessimismo nos leva à percepção de um certo realismo fatalista que nos leva a crer que nada pode ser transformado, e o que é, será sempre. Este pessimismo tem a sua positividade, contudo, penso que não podemos sucumbir à tal realidade.
    Por isso, esta utopia que não vemos lugar no mundo, não é de toda inócua, mas pode otimizar, não nosso pensamento, mas as nossas atitudes, de modo tal que possamos agir conforme a utopia nos inspire, mas sem a esperança de que ela se realize.
    Agir sem esperança, fazer o que se deve fazer, sem desejar colher os frutos disso.

    Eis que a semeadora saiu a semear, e lançou as suas sementes (seus atos) e seguiu em frente ...

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